O Programa Falou e Disse recebe João Vicente Goulart.
Documentário no YouTube através da CALIBAN
Resumo do filme “Jango” um documentário de 1984 dirigido por Silvio Tendler, narrado por José Wilker com trilha sonora de Milton Nascimentos e Wagner Tiso. O filme acompanha a trajetória de João Goulart a partir do Governo Vargas e da Campanha da Legalidade até chegar ao golpe de 64. O início da sua ação política teve Getúlio Vargas como grande incentivador e se caracteriza pela proximidade com os trabalhadores. Tanto assim que não foi por acaso que em 1953 é escolhido Ministro do Trabalho, quando já mostra a sua visão revolucionária dando um aumento salarial de 100%.
Na Eleição de Jânio Quadros, Jango é eleito à Vice- Presidente com legenda independente. No momento da renúncia de Jânio, estava ausente do país em visita à China numa missão diplomática comercial. Os militares tentam dificultar o seu retorno ao Brasil e impedir sua posse como novo presidente brasileiro. A solução encontrada foi a adoção provisória do Sistema Parlamentarista. Em 1963 através de um plebiscito vitorioso, é devolvido à Goulart os seus poderes confiscados. Finalmente de posse dos seus plenos poderes, adota uma agenda econômica de estabilização e desenvolvimento através do Plano Trienal elaborado por Celso Furtado. No centro do projeto estavam as Reformas de Base que sempre pretendeu realizar como a reforma agrária, bancária, financeira, tributária, educacional e urbana. Ou seja, retomar o crescimento através de um planejamento macroeconômico combinado com metas sociais, atacando a concentração fundiária, a especulação urbana, o poder excessivo dos bancos, a regressividade tributária e os déficits educacionais. Nesse período foram realizadas intensas mobilizações populares. A mais famosa foi o Comício da Central do Brasil ou a virada de março de 64 quando Jango politiza as ruas e assina o decreto de encampação das refinarias privadas de petróleo e anuncia medidas de reforma agrária. Esse foi o ponto nevrálgico da radicalização do conflito envolvendo o empresariado, os grandes proprietários de terra, setores das forças armadas, grandes frações do capital estrangeiro O ato legal e público, vira gatilho simbólico para a reação. Daí em diante, uma oposição truculenta organizada pela imprensa em parceria com setores militares, empresariais, proprietários rurais, sistema bancário, e de uma classe média que temia a ascensão da classe trabalhadora com medo fóbico da perda de status, além de um contexto internacional absolutamente desfavorável. Não podemos nos esquecer que vivíamos em plena guerra fria e com endurecimento da política americana nas suas relações com o seu “quintal” ou seja, países Latino-americanos, pelo medo da repetição ou reflexo da insurreição Cubana que ousara sair de sua esfera de domínio. Em plena Guerra Fria, Washington viu Jango como risco similar “à la Cuba” e montou uma Operação ou apoio logístico e diplomático ao levante). Constituem assim, uma aliança externa com a Nação, naquele momento, a mais hegemônica do Planeta os EE UU. Assim surge a chamada operação “BROTHER SAM”, hoje conhecida em detalhes, com farta documentação através de telegramas e áudios do Governo Johnson. O que foi isso? Como hoje temos a clara noção do que representava a Brother Sam podemos compreender por que Goulart preferiu renunciar ao confronto do que colocar o país numa extrema vulnerabilidade, à mercê de uma guerra militar contra um inimigo poderoso e disposto a invadir e ocupar o nosso território como fez com inúmeras Nações mundo à fora. Goulart se exilou no Uruguai e Argentina sendo controlado, vigiado e perseguido pela chamada Operação Condor. Sobre sua morte em 1976 ainda pairam dúvidas se não foi consequência de envenenamento a exemplo das mortes suspeitas de Juscelino Kubischek e até do aliado preferencial Carlos Lacerda que acabou compreendendo que cometera um erro com suas alianças espúrias.
Rio, 16 de agosto de 2025.
Helena Reis

