O Programa Falou e Disse recebe Jorge Antônio.

A COP é uma construção coletiva liderada pela ONU de conscientização mundial sobre as mudanças climáticas do Planeta Terra em decorrência da ação do homem. A 1ª COP foi realizada em 1995 em Berlim. O Brasil 20 anos depois sediou em Belém, nessa semana, uma nova rodada de debates e avaliação climática do planeta.

Entretanto vamos recuar na história e pensar que durante milhares de anos o nosso planeta Terra com toda a sua pujança, nos deu de forma dadivosa, tudo o que precisávamos para a nossa sobrevivência. À medida em que a “inteligência” humana começa a descobrir todo o potencial da estrutura da terra focada no manancial dos seus minerais, vegetais e animais, dá início a uma exploração predatória por se tratar de um acervo que mesmo sendo monumental e, aparentemente infinito, um dia irá se esgotar. Entretanto independente do seu ocaso, a exploração frenética produz toda a sorte de fissuras, transtornos ou efeitos colaterais no equilíbrio do seu sistema ecológico. Voltando às nossas origens, a hipótese científica mais aceita é que o chamado Homo Sapiens tenha surgido na África há mais ou menos “200 mil” anos atrás e, isso sem contar os milhões de anos em que foram identificados como animais ainda em processo de transformação. O que queremos chamar atenção é a rapidez com que nos últimos 200 anos ou mais, desse período dito evolutivo, ocorreu um processo de destruição imensurável pela exploração frenética de todas as riquezas, ou materiais a serem transformados em fontes de recursos- as chamadas matérias primas visando novos tipos de produção. Quando o homem vislumbrou essa possibilidade de ganho e aumento da riqueza em tempo record, tudo mudou de rumo e sentido.  E a aparência de evolução, crescimento, engrandecimento da humanidade como um todo, logo revelou o inverso ao traduzirmos o seu modo perverso, não só pela posse de um restrito número de pessoas provavelmente 0,1% da população mundial   tidas como as mais fortes e bem-preparadas, ocupando o Planeta como sua propriedade privada, e tudo em detrimento ou exclusão de um número infinito de pessoas em toda a parte. Em menos de 2 séculos a extração das riquezas minerais desde  o ouro, prata, cobre, ferro, manganês, petróleo etc, rasgam o  planeta de Norte a Sul, Leste a Oeste, indo às suas entranhas, as mais profundas e com todo esse arsenal chamado matéria prima constrói indústria que produzem bem de consumo tanto para o Bem da população como para o Mal, ou seja através de arsenais e explosivos de guerra capazes de destruir cidades e países em questão de horas em nome de suas defesas  e isso sem chamar atenção para os armamentos nucleares como os usados na 2ª Guerra Mundial destruindo Hiroshima e Nagasaki  no Japão num piscar de olhos. Todas as conquistas e modernidades tem o seu calcanhar de Aquiles e de repente realizações em laboratório tidas como grande “evolução” como a modificação da. composição genética das plantas pode apresentar os tais efeitos colaterais devastadores. A coleção de venenos para coibir a ação de insetos nas lavouras e que saem poluindo o ar, o solo e as águas do planeta. E com toda a tecnologia que dizem ser top de linha os mineradores de ouro encontrado nos rios da Amazônia fazem um verdadeiro estrago ecológico, nesse “métier” ao usar o mercúrio como um método eficaz e de baixo custo para separar as pequenas partículas de ouro em sua lida diária. Acontece que a liberação do mercúrio contamina os rios, os peixes e afeta seriamente os povos indígenas das regiões, além do desmatamento que promovem nas florestas do entorno.

Voltando a COP 30 que acontece 10 anos depois da assinatura do Acordo de Paris em 2015, no qual os países se comprometeram a tentar conter o aquecimento global abaixo de 1,5%.  O tema central de hoje é então é o clima, mas, quero chamar a atenção para o fato de que o Planeta vive dentro de sistemas interativos com seus vasos comunicantes em que tudo tem a ver com tudo. Tanto assim que na teoria do Caos sabemos sobre um evento climático ocorrido num hemisfério tem consequências imediatas no outro.  Daí é importante apoiarmos essa iniciativa internacional, aliás o único espaço global onde quase todos os países do planeta sentam juntos para negociar medidas climáticas. E quais são essas ações humanas capazes de provocar tanto estrago : uma das mais visadas é a emissão de gases poluentes tipo CO2 ou dióxido de carbono que provoca o efeito estufa na atmosfera pela queima de combustíveis  fósseis (carvão, mineral, petróleo, gás natural) e isso jogado quase sem interrupção na atmosfera pelas fábricas, usinas, veículos de todo o tipo, fogo nas matas e florestas  e,  posteriormente ao remover a cobertura vegetal  ampliando  as áreas desmatadas o que libera carbono para a atmosfera, sem se esquecer que onde havia uma floresta  exercendo esse papel de proteção fundamental,  de repente vai virar pasto para a criação de gado bovino cuja presença física, por incrível que pareça, contribui para o super aumento da poluição  e aquecimento ao  emitir no processo digestivo gases chamado metano. E o Planeta Terra pode aumentar sua temperatura em mais de 1,5º? Há quem pense que não teria problema pois mora em regiões mais frias e um calorzinho a mais até seria bom. Entretanto hoje um número razoável de pessoas já começa a entender que o Planeta é regido por um sistema que será modificado caso as temperaturas passem do ponto. Uma das consequências imediatas é o derretimento das geleiras nos extremos Norte e Sul do Planeta -regiões Ártica e a Antártica. Esse derretimento provoca aumento do nível do mar, desaparecimento de extensos trechos da Costa Litorânea e desequilíbrio climático com chuvas torrenciais com inundações e estragos generalizados e paradoxalmente em outras regiões períodos extensos de estiagem com destruição de safras agrícolas, etc. O tema é vasto e estamos mencionando superficialmente.  A COP além de ser o espaço de discussão das causas do aquecimento é também o lugar ideal das propostas de soluções. E aí as Nações mais aquinhoadas se sentem no dever de financiar os projetos de proteção, recuperação e ampliação das Florestas e estímulo em relação ao mercado de carbono. Em resumo, a COP é um espaço em que o jogo econômico é intenso onde se propõe o financiamento de tecnologia verde; compensações de vários tipos: Mercado de Carbono, investimento em energia limpa como a eólica, solar, hidrográfica, biomassa. Investimentos em descarbonização da Indústria, recursos para combater o desmatamento etc. Para concluir, temos de estar atentos a que as COPS não virem apenas um palco de marketing climático.  Ou que seja capturada por interesses econômicos funcionando como um ritual anual de manutenção do status quo, ao invés de uma força real   de transformação climática. E que não seja tomada de assalto pelos lobbys   das petrolíferas e outras.  Não podemos deixar de mencionar que a COP 28 tenha sido presidida pelo CEO da maior petroleira dos Emirados Árabes e isso é um símbolo perfeito de captura. Na mesma COP mencionada, também havia delegações de lobistas de empresas fósseis em números incríveis tipo 2.400 pessoas. É importante também avaliar o sucesso de uma COP pelas medidas positivas que foram tomadas e as penalidades para os países que se comprometeram em adotar determinadas medidas e não cumpriram o acordo. Outra questão seria a implementação de um Tribunal Climático.

Niterói, 15 de novembro de 2025.

Helena Reis