O Programa Falou e Disse recebe Aderson Bussinger.

Aderson Businger é um advogado especializado em direito trabalhista e sindical com uma vasta experiência desde 1987 tendo advogado em S. Paulo – ABC paulista, no Vale do Paraíba. Também atua há 30 anos em defesa dos anistiados políticos. Participa no Rio de Janeiro de um escritório “Advogados Associados” onde atuam de forma autônoma e colaborativa. Juntos podem constituir consultorias e contenciosos. A advocacia de Businger tem uma marca registrada pois está voltada à defesa dos trabalhadores através dos seus sindicatos ou movimentos sociais e que traduz uma compreensão mais ampla por não ser apenas jurídica e sim histórica, política, civilizatória. Daí coloca o Direito no seu lugar de origem: o conflito social e ato contínuo a premissa que vem à tona para quem conhece minimamente a estrutura social brasileira é saber que o “direito” não nasceu neutro, muito pelo contrário, ele nasce para organizar a propriedade, proteger os contratos e historicamente resguardar os interesses das elites. Basta recuarmos um pouco e pensar no significado do “marco temporal” que propala estar protegendo o direito de propriedade dos povos originários, os legítimos donos das terras brasiliense, mas, a bem da verdade, uma forma de colocar limites e dificuldades. Voltando a atuação de Businger: ele quer inverter essa lógica: usa os mesmos tribunais que tradicionalmente punem os pobres e passa a defender seus direitos coletivos, suas organizações sindicais e a ação política popular. Claro, que sabemos que os Sindicatos e Movimentos não sobrevivem só de coragem e daí precisarem de uma estratégia jurídica. As lutas trabalhistas não se perdem apenas na repressão policial, mas também em liminares, em decisões administrativas, em interpretações “técnicas” que camuflam escolhas políticas. E Bussinger ao traduzir a linguagem da luta social para o idioma dos tribunais está automaticamente protegendo sindicatos contra a criminalização, a asfixia financeira e até a intervenções ilegítimas. Muitos direitos hoje sacramentados já foram tratados como ilegais, como ameaça à ordem e até nominados pejorativamente como subversivos. E hoje saber que existe uma advocacia que sustenta com coragem e argumentos jurídicos o que é socialmente legítimo, mesmo quando o Estado tenta negar, ao criar jurisprudência apoiadas em narrativas com conteúdos baseados na realidade, abre caminhos para futuras vitórias. Desde a implementação do neoliberalismo no Governo FHC o Brasil mudou sem votar no Congresso, sem nenhum plebiscito, uma nova forma de gestão do país em todas as áreas, principalmente as mais rentáveis para o país. Assim, na calada foram privatizados os Bancos Estaduais, foram vendidas empresas valiosíssimas como a Vale do Rio Doce e à preço de banana e gradativamente fomos perdendo nossa soberania. Por outro lado, visando enfraquecer a reação da população a todos os absurdos que ocorreram num país que eliminou a ordem e a Lei, a palavra de “desordem” foi enfraquecer os sindicatos, precarizar contratos, individualizar o trabalhador e retirar a política do mundo do trabalho. Por isso, defender sindicatos hoje, é defender a democracia. E a importância de Bussinger está em compreender isso antes de muitos e agir dentro do sistema para frear seu esvaziamento. Quando sua advocacia entra nos tribunais não foge do conflito social, ao contrário vem lembrar que os direitos trabalhistas não são concessões e sim conquistas.

Niterói, 17 de dezembro de 2025.

Helena Reis