O Programa Eco Taba entrevista Cátia Antônia da Silva

A nossa entrevistada Cátia Antônia da Silva, é a nova pró-reitora da UERJ a Universidade onde fez a graduação e o doutorado em Geografia, além do mestrado em Planejamento Urbano e Regional.

É professora titular vinculada ao Departamento de Geografia, membro permanente do Programa de Pós-graduação em História Social e do Programa de Pós-graduação em Geografia da Faculdade de Formação de Professores (FFP). É pesquisadora procientista da Uerj e do CNPq. Esteve à frente do Departamento de Extensão (Depext) nos últimos quatro anos. Saibam também sobre o seu métier como escritora, já com inúmeros Livros publicados cujos temas são relacionados à sua área de especialização como geógrafa. Vejam os títulos e sugerimos que siga o seu feeling na hora de escolher para comprar aquele que irá lhe agradar de verdade!

        

         

    

A presença de Cátia no nosso programa ECOTABA e no dia 25 na Conferência (CLEMAARJ) em Niterói será fundamental pois em parceria com Sandra Maria de Oliveira Cunha debruçam seus olhares na problemática da gestão costeira do nosso Estado do Rio, se detendo particularmente na Baía de Sepetiba onde foi criado um Observatório Socioambiental exclusivo, o FUNBIO. É importante se ter noção de como a presença do mar norteia a vida dos fluminenses. Basta dizer que 2/3 dos Municípios num total de 33, estão na Zona Costeira e essa proporção entre costa e interior é a maior entre todos os Estados da Federação. Entretanto, o desenvolvimento acelerado do Litoral deixou sequelas com drásticas consequências que necessitam ser revertidas. Foram grandes os empreendimentos como portos, complexos industriais, residenciais e turísticos favorecendo o impacto. Sim, porque do outro lado da medalha a questão do saneamento seria fundamental para minimizar o excesso de esgoto, de dejetos, de poluição química, de resíduos industriais, de lixo e chorume produzidos pelo dito “desenvolvimento”. Enfim isso acabou afetando particularmente os manguezais e como reflexo a pesca artesanal. A atividade pesqueira é uma das mais antigas no Brasil e, não só para geração de trabalho e renda como uma fonte saudável de alimento proteico. A íntima correlação entre atividade pesqueira e qualidade do ecossistema marinho é direta e reta. Os manguezais cumprem o papel de contribuir para gestar flora e fauna. Eles não podem ser simplesmente descartados, aterrados ou violentados sem que isso tenha consequências funestas para os pescadores, as marisqueiras ou os caranguejeiros. Há em todo o litoral uma diversidade de ambientes únicos e que sempre provocou uma atração fatal ao visitante extasiado diante de tanta beleza mas, absolutamente perigosa ao meio ambiente. São baías, restingas, estuários, costões rochosos, lagoas e mais lagoas e também ilhas encantadas  como a Ilha Grande, uma exceção à regra, pois durante anos conseguiu ficar intacta graças a instalação de um presídio sinistro que provocava o afastamento dos turistas. Em Angra dos Reis uma espécie da Antilhas brasileira povoada de Ilhas de beleza estonteante não houve como impedir na fase autoritária do regime militar, a instalação inapropriada de um complexo termonuclear conhecido como ANGRA 1 e 2 e se algum dia ocorrer algum vazamento é impossível avaliar qual será a extensão da tragédia. O saldo desses procedimentos citados foi a forte redução tanto da atividade pesqueira que deixou de ser compensatória sobre o ponto de vista financeiro, como do turismo sustentável especialmente nas áreas de Guaratiba, Sepetiba, Mangaratiba e mais recentemente na Ilha Grande. É incalculável o grau de poluição química das indústrias construídas ao seu redor, no petróleo e minério de ferro jogados nos piers de atracação, ou direto dos navios ou ainda pelo esgoto sem tratamento, lançados com fúria nas bacias dessas baías ou nas praias e ilhas que deixaram de ser paradisíacas.

O Plano Nacional de Gestão Costeira instituído no mesmo ano da Constituinte, pela Lei 7661/88 em seu Art. 2º visa orientar a utilização racional dos recursos da zona costeira, ordenando áreas e usos, visando contribuir na preservação dos ecossistemas marinho costeiros e na elevação da qualidade de vida de sua população, além da proteção do patrimônio natural, histórico, étnico e cultural. Em seu art. 3º. prevê o zoneamento de usos e atividades na Zona Costeira, com prioridade para a conservação, proteção, dentre outros: recursos naturais, sítios ecológicos, unidades naturais de preservação permanente, patrimônio natural, cultural e paisagístico.

E agora a péssima notícia do ano: A Comissão Estadual de Controle Ambiental, autorizou a instalação de quatro usinas termoelétricas flutuantes na Bacia de Sepetiba, isso sem que nenhum estudo de impacto ambiental tivesse sido feito. A decisão foi criticada pelos ambientalistas e pelo Ministério Público Federal que já entrou com mais uma ação contra o empreendimento. É um projeto com um custo de um pouco mais de 3 Bilhões e com a capacidade de produzir 560 Kw. Além das Termas está prevista a instalação de 36 Torres de Transmissão e a maior parte no Distrito Industrial de Sepetiba.

Temos muito que discutir e enfrentar daqui pra frente!

 

Assista a entrevista ao vivo pelo Youtube, clicando na imagem abaixo:

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