O Programa Falou e Disse recebe Sonia Rabello.

Memória Cultural, Étnica e Social

Memória, esta palavra me remete exatamente a que, me pergunto? Vivemos nossa vida permeada de experiências, de conhecimentos quotidianos, de afazeres diários ou esporádicos e a nossa cultura nos ensina a ter e a manter regularidades e persistência em busca desse saber e, sem transgredir regras, nos inserimos em Escolas locais de aprendizagem por excelência, com o passar dos anos nos transformamos em profissionais de determinado ramo e mais tarde vamos preparar nossos filhos ou alunos a seguirem nessa mesma trilha ou toada.
Em todo o processo trabalhamos e desenvolvemos nossa capacidade cognitiva. Ela, entretanto, é reforçada pela memória que por sua vez está alicerçada ao fazer quotidiano. Esse é o solo! Com certeza é hora de ressignificarmos o poder da memória ao repetir padrões do domínio público e do conhecimento cognitivo elaborado pela reflexão individual que apresenta como diferencial marcante o poder da crítica, da autocrítica, da mudança, da transformação e consequente evolução e até mesmo revolução. Quais são os parâmetros para diferi-los?
E porque hoje quero trazer à baila muito mais o conceito de memória. Essa memória que muitas vezes nos foge, que pode ser fluida, um tanto esquiva e que amiúde nos deixa na mão e sem chão quando em público queremos passar uma informação, que nos escapa, que não sabe ocupar o vazio espaço e se perde, sem encontrar seu lugar. E assim vira heroína sem história prá contar, ou alcaguete sem nenhuma patente.
Mesmo brincando com as palavras não consigo transmitir com a força necessária a importância da memória da nossa passagem pela terra Brasilis. Quero dizer sobre a nossa memória nacional. É ela que nos garante a transmissão geracional através dos séculos. Das nossas origens, das nossas tradições, elações, percalços, dos nossos pecados com erros crassos. Dos nossos dissabores, temores, tremores de terra, conquistas, fugas, intempéries, queimadas, mares de norte a sul, rios, florestas, destruição, manifestação em massa, jogos, cantos, arte, literatura, semeadura, viaduto, túneis, lavouras, danças, odores, flores e amores, amoras e tucanos, sabiás, bem-te-vis, margaridas, rosas, tatu, peixes, jacarés e jacarandás, língua, idioma, reais e muitos ais. Finalmente estou falando de quem e prá quem e porque não ir direto ao ponto, deixando metáforas para o canto livre do cantor. Sim quero falar da memória brasileira ou dos brasileiros daquele que parecem não saber nada de sua etnia, de seu clima, de suas águas, cascatas e matas, de seu suor no verão, do balão colorido que marca o São João e traz o fogo pro chão. Quero falar das entranhas da terra onde metais imperam à espera daqueles que nos venham roubar, espoliar, assaltar. E porque falar em entranhas se ao rés do chão que faz tudo brotar, só há como extrair o pão que o diabo amassou. Exagero diriam, brasileiro tem memória curta!

Por isso trago à cena Sônia Rabello especialista na nossa memória nacional e não por acaso ex-diretora do IPHAN o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Com formação acadêmica e doutorado na área do Direito na UERJ e pós-doutorado na Sorbonne Universidade Paris II se destaca tanto na área do ensino como da administração pública através de Projetos. Sim, porque a potência de Sônia extravasa nossas fronteiras e ganha espaço nas Universidades Latino-Americanas como a Universidade do México, da Colômbia, Guatemala, São Salvador, Medelin, de Los Andes no Peru, de Rosário na Argentina. Exerceu cargos, teve o poder fazer e fez. Entrou na política como vereadora da cidade do Rio de Janeiro. Vamos conhecê-la e refrescar nossa memória com suas realizações.

Será quarta-feira, 24 de julho às 17h. Esperamos vocês.

Helena Reis
Niterói, 22 de julho de 2024